quinta-feira, 2 de abril de 2009

Foi o papa peregrino



João Paulo na sua adolescência estudava línguas e fazia teatro. Teve uma infância humilde e sofrida ao lado do pai Karol Wojtyla (herdou o nome de seu pai) o oficial do exército, que conduziu a família com harmonia, mas de maneira rígida e disciplinada, e da mãe, Emilia Kaczorowska.
Aos nove anos, a rotina de Lolek, apelido de criança, foi abalada com a morte da mãe. O oficial e pai do futuro papa assumiu sozinho a criação de Lolek e Edmond, o irmão médico, morto em 1929, vitima da epidemia de escarlatina, uma doença infecciosa. Karol teve também uma irmã mais velha, que morreu com poucos dias de vida. Nos estudos sempre foi o primeiro. Aos 14 anos, já falava Alemão, Latim e Grego e havia fundado um grupo de congregação Mariana e uma pequena companhia teatral. Em 1938, junto com o pai, mudou-se para Cracóvia, onde cursou a faculdade de Letras e Filosofia e a escola de Arte Dramática. Dois anos depois perdeu o pai e interrompeu os estudos por causa da segunda guerra.

Wojtyla era soldado quando decidiu ser Padre, aos 23 anos. Perseguido pelos nazistas durante a ocupação da Polônia, de 1939 a 1944, estudou clandestinamente no seminário de Cracovia.
Foi obrigado a realizar trabalhos forçados quebrando pedras em uma mina e como operário da indústria química. Mas não abandoou o teatro e continuou escrevendo peças e poemas. Atuava como roteirista, ator e dramaturgo, sempre à noite, quando saía do trabalho.
A vida religiosa não impediu a pratica de esportes. Atuou como goleiro de um time de futebol, foi sócio de um clube Schalke 04, da Alemanha, aderiu a natação e, mais tarde, transformou-se um aficionado por rafting e chegou a praticar montanhismo. O esporte preferido era o esqui.

Em 1947, partiu para a Itália para terminar os estudos no Angelicum, universidade eclesiástica dirigida pelos dominicanos. Em Roma, concluiu doutorado em Filosofia e Moral.

Em 1949, voltou a Cracóvia, doutorou-se em teologia e lecionou na universidade. Como Padre e professor universitário, publicou textos sobre teologia e filosofia.

Em 1958, com 12 anos de sacerdócio e 38 de idade, foi nomeado arcebispo de Cracóvia, e começou a participar das assembléias do Vaticano, conquistando uma boa relação com os bispos.

Em 1967, é nomeado cardeal pelo papa Paulo VI. Wojtyla publicou cinco livros, escreveu mais de 500 artigos, algumas comedias e poesias. Já falava além do polonês, latim, Italiano, francês, inglês e alemão.

Em 1978 com a morte do papa Paulo VI, João Paulo I é eleito Sumo Pontífice. Mas fica apenas 33 dias no trono e morre.

No dia 16 de outubro, o cardeal Karol Wojtyla é eleito como 264 papa da igreja Católica. O pequeno Lolek apresentou-se para o mundo como João Paulo II, uma homenagem ao seu antecessor e aos papas João XXIII e Paulo VI.

Quase 22 anos depois, em janeiro de 2000, quando o bispo Karl Lehmann apostou na possibilidade da renuncia do papa, que estava muito doente, João Paulo II respondeu:

“Deus nos da forças para que possamos cumprir com o que ele espera de nós.”

E de fato, ele nos mostrou que para seguir Jesus é preciso muitas renúncias, e mesmo frágil gritou ao mundo e falou nas entrelinhas que mesmo nas limitações físicas ou psicológicas é possível viver serenamente e suportá-las!

“Apesar das limitações que surgem com a idade, mantenho o gosto pela vida e dou graças ao Senhor” (em 2000 as vésperas de completar 80 anos).

Nenhuma autoridade mundial viajou mais do que João Paulo II nos seus mais de 26 anos a frente da igreja. E só ele desafiou dogmas e guerras e transitou entre Cristãos, Judeus e Muçulmanos para pregar a paz.

“Viajarei por onde me chamarem as exigências da fé e dos valores humanos.” João Paulo II.

Talvez uma das gritantes características de João Paulo II eram a coerência e o simples amor despojado de ditadura, regras, leis e conceitos criados ao longo do tempo propriamente pelos Cristãos: Amou Judeus, Muçulmanos e todos sem distinção nenhuma. Tornou-se um grande homem sábio e amado por isso.

Logo depois da fumaça branca em 1978, o rosto magro que nasceu na basílica de São Pedro não era lá muito conhecido. Mas atrás do peso da batina de papa estava o Polonês Karol Wojtyla, que sofreu perseguições durante a ocupação nazista de seu país, na segunda guerra mundial...

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